domingo, 3 de outubro de 2010

A História da 'Fórmula Indy' - Quarta Parte

A Fênix dividida - A Era Indy Racing League X CART/Champ Car (1996-2008)
A IRL nasceu do idealismo de Tony George em 'resgatar a tradição do automobilismo americano', ou seja, padronização de equipamentos, redução de custos, preocupação com a segurança dos pilotos e, principalmente, focar as competições em circuitos exclusivamente ovais, nos moldes da NASCAR, onde obviamente a importância da Indy 500 teria seu merecido e incontestável destaque. Num outro enfoque, bem mais materialista, a razão fundamental para a cisão de Tony George com a CART dizia respeito ao reduzido retorno financeiro que a Indy 500 estaria recebendo da categoria, conforme os donos de equipe da época. Ele passou a critivar sistematicamente a CART, quaisquer fossem os motivos.
A criação da IRL não determinou o fim da CART em 1996, mas provocou o surgimento de um panorama indesejável ao automobilismo americano, principalmente no interesse do público e investimentos de publicidade em ambas categorias. Alheia à esta briga 'doméstica', a F1 se restabelece no foco do público mundial, em função de sua histórica isenção de 'turbulências administrativas' (sob as rédeas firmes da FIA e da FISA) e do 'advento Schumacher', após a traumática morte de Ayrton Senna.

Muitos se perguntam o que teria ocorrido se Senna tivesse aceitado o convite de Fittipaldi para competir na CART (Ayrton chegou a testar a Penske de Rick Mears no Arizona, a pedido de Emmo). Senna estava desmotivado e magoado com a F1, ao ser barrado na Willians por Alain Prost e gostou do teste com a Penske, em 1992.
Tenho comigo a certeza que Ayrton teria marcado seu nome na Indy. Mas Deus não quiz assim.
Vamos respirar fundo e voltar ao assunto...

O campeonato promovido pela IRL (de apenas 3 provas) e a própria Indy 500 em 1996 foi disputado por equipes pequenas, com equipamentos tecnologicamente ultrapassados e pilotos iniciantes. A fim de resguardar suas equipes inscritas, Tony George elaborou uma regra, denominada 25/8, onde apenas oito carros sem vínculo com a IRL poderiam participar das 500 Milhas de Indianápolis. A CART, como resposta, decide organizar uma prova rival a de Indianapolis, a US 500, em Michigan. A iniciativa se torna um fracasso comercial tanto em venda de ingressos como na questão de retorno publicitário.

Os trágicos acidentes de Greg Moore e Gonzalo Rodriguez  em 1999 chocam a América e  provocam  sérias críticas  à falta de segurança da CART, cada vez mais distante de suas origens e se espelhando diretamente na F1 (elevados custos, circuitos mistos, em vários países).
Pouco a pouco, as equipes da CART começaram a migrar para a IRL, principalmente após um fato envolvendo o brasileiro Helio Castroneves: Ao vencer a Indy 500 de 2001, a Penske não pôde ostentar o nome de seu principal patrocinador (Marlboro), apenas manteve o conhecido padrão de pintura em seus carros. Isso ocorreu porque a regulamentação americana de publicidade não permite o mesmo patrocinador para duas categorias distintas. Segundo comentários, esta vitória de Castroneves teria selado (involuntariamente, é claro) o destino da CART, pois os patrocinadores decidiram investir pesado na IRL.

O ano de 2001 marca ainda a primeira participação de um nativo americano, Cory Witherill, membro da nação Navajo em uma edição da Indy 500. Largou na antepenúltima posição e chegou em décimo-nono.

O inevitável acontece: em 2003, a CART declara sua falência. A IRL propõe a compra de seus bens, mas a justiça americana negou a proposta, abrindo caminho para a criação da sucessora da CART: a OWRS (Open Wheel Racing Series), posteriormente CCWS (Champ Car World Series) ou simplesmente Champ Car - apelido antigo dos carros de rodas expostas nos EUA. Aqui no Brasil, a categoria recebeu o nome esdrúxulo de Fórmula Mundial. Há um famoso vídeo no YouTube onde Adrian Fernandes pergunta a Téo José: "Cabrón, porque vocês a chamam assim ?..."

Outro importante fato, mas que à epoca, não despertou a devida atenção da mídia nacional:
Emerson Fittipaldi fundou em 2003 a primeira equipe brasileira na ´Fórmula Indy´. Mas com algumas ressalvas... A sede da equipe ficava em Indianapolis, e seu único piloto, o português Tiago Monteiro.
A Fittipaldi-Dingman Racing tinha como co-proprietário James Dingman e durou apenas uma temporada devido às turbulências financeiras da categoria, a Camp Car. Seu melhor resultado em corrida foi um sexto lugar no GP do México, onde obteve o 2o. melhor tempo geral de largada, tendo sido pole nas tomadas de  sábado. Pontuou entre os Top-10 cinco vezes e terminou a temporada em 15.o lugar no campeonato.
Nada mal para dois estreantes, a equipe e o piloto...

Em 2007, devido aos baixos investimentos dos patrocinadores, a Champ Car dá sinais claros de um fim próximo. No ano seguinte, declara falência, sendo unificada com a  IRL. Uma das equipes mais fiéis à CART/Champ Car, a Newman-Haas, relutou em ingressar na IRL, seguindo os ideais de seu fundador, Paul Newman. Por uma sublime ironia do destino, a equipe foi a vencedora do primeiro GP após a fusão das duas categorias, em Saint Petersburg.Os nomes que marcam esta época são:  Sam Hornish, Scott Dixon, Tony Kanaan, Helio Castroneves e a primeira mulher a liderar a Indy 500 (em 2005), Danica Patrick. Ela também se sagrou como primeira vencedora de um GP numa categoria top do automobilismo (Motegi, 2008)

Cory Witherill, primeiro nativo americano na Indy 500 (2001)

Senna testando a Penske no Arizona
A equipe Fittipaldi-Dingman nas pistas da Champ Car

Indy 500 de 1996: Nomes poucos conhecidos...
Christian Fittipaldi, Adrian Fernandez e Max Papis: Comoção por Greg Moore
Indy 500, 2007. Dividida pela última vez.

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