Na Indy, ao longo dos anos, tivemos alguns exemplos de como a imaginação e ousadia caminham juntas (mas não necessariamente de forma veloz...). Vamos ver alguns deles:
Quarenta anos antes do Tyrrell P34, o Pat Clancy Special, de seis rodas
O primeiro monoposto de competição com seis rodas foi criado em 1948, especialmente para as 500 Milhas de Indianapolis. Seu conceito, de dois eixos traseiros e um dianteiro, foi baseado nos veículos pesados (caminhões/ônibus), no qual o torque é melhor distribuído e aplicado sobre quatro rodas motrizes.
O grande problema deste projeto era a instabilidade nas curvas e a pouca eficiência dos freios.
Em 1976, a equipe de F1 Tyrrell lançou um modelo, o P34, com relativo sucesso (venceu o GP da Suécia). O carro contava com quatro pequenas rodas dianteiras, fabricadas sob encomenda pela Goodyear . Outras equipes na época testaram protótipos com quatro rodas traseiras, como os Williams FW07E / FW08D e o March 2-4-0. A Copersucar de Emerson Fittipaldi também chegou a desenvolver um projeto, sem colocá-lo nas pistas. A FIA proibiu o conceito de 6 rodas na F1 em 1978.
Apenas para os corajosos: o Hurst Floor Shift Special (Um side car na Indy 500)
Um dos mais estranhos carros de corrida de todos os tempos tentou se classificar para a Indy 500 de 1964, mas colidiu nos muros no último dia de classificação. Um projeto único, concebido por Smokey Yunick, inspirado nas motocicletas side car da Segunda Guerra Mundial. Apesar da aparente fragilidade do modelo, no acidente nas tomadas de tempo, o piloto não se machucou com gravidade.
É um pássaro ? Um avião ? Não, é o EAF DW2...
Outro projeto ousado que também não conseguiu alinhar para a largada na Indy 500 (de 1982), o EAF DW2 tinha nome e aparência de jato (desenvolvido pela Eagle Aircraft, especializada em aviões pulverizadores), mas seu voo foi curto, obtendo apenas o 47o. tempo entre outros 82 competidores.
A aerodinâmica equivocada do projeto simplesmente impedia a entrada de ar frontal ao propulsor nem favorecia o downforce nas curvas. Deve estar guardado em algum hangar no Idaho...
Lear Vapordyne, o carro a vapor
Este sequer chegou a participar de uma prova, mas seu criador, Billy Lear, soube capitalizar a importância da mídia ao anunciar seu projeto de inimagináveis 1000 HP (que ficaram apenas na promessa), ter como piloto Jackie Stewart (não pode aceitar o convite por pressões da Ford) e, como se não bastasse, um carro com motor a vapor para a Indy 500 de 1970. O bólido teria tração 4x4, com imenso torque e uma bela aerodinâmica, mas o conceito apresentou problemas incorrigíveis de arrefecimento e vedação do propulsor.
O último monoposto de motor dianteiro a competir numa prova oficial (Pocono 500 de 1971) foi o Hurtubise's Mallard. Contrariando a tendência dos motores traseiros, surgida no início da década de 60, este carro foi a última tentativa de manter o conceito dos roadsters típicos dos anos 50 ainda competitivos.
O "V" que não era da Vitória
O que seriam aqueles dois aerofólios inclinados nas laterais do Parnelli-Offenhauser VPJ-1 ?
Este estranho modelo de 1972, da equipe criada pelo lendário Parnelli Jones disputou algumas provas do campeonato da USAC com estes complementos aerodinâmicos, que não foram utilizados no carro que disputou as 500 Milhas daquele ano, guiado por Mario Andretti.
O geométrico Eagle 81
Linhas retas e formas triangulares dominam as formas deste carro que chamou a atenção do público nas 500 Milhas de 1981. Apesar do jeitão de "carro de autorama japonês", o projeto apresenta soluções aerodinâmicas muito similares aos do Brabham BT-52 de F1, do mesmo ano.
Interscope-Cosworth 03, o Batmóvel de Danny Ongais
Há quem o chame de feio, e outros tantos que o achem bonito. É, sem dúvidas, um carro diferente.
Na edição das 500 Milhas de 1981, Danny Ongais quase perdeu a vida colidindo violentamente seu carro contra o muro, logo após retornar de um pitstop. Apesar da gravidade do acidente, recuperou-se e disputou no ano seguinte a Indy 500 com um modelo semelhante, obtendo desta vez o nono lugar.
Por óbvias questões de regulamento da categoria (padronização de equipamentos, e sobretudo, segurança), a Fórmula Indy de hoje não permite tais criações revolucionárias...
Mas estes modelos do passado ilustram bem a capacidade imaginativa de alguns ousados projetistas.